O que é passe?
O passe é uma transfusão de fluidos de um ser para outro.
Emmanuel o define como uma "transfusão de energias físio-psíquicas". Beneficia a quem o recebe porque oferece novo contingente de fluidos já existentes. Emmanuel o considera "equilibrante ideal da mente, apoio eficaz de todos os tratamentos" e compara sua ação à do antibiótico e à assepsia, que servem ao corpo frustrando instalação de doenças.
Estamos constantemente irradiando e recebendo fluidos do meio em que habitamos, bem como dos seres (encarnados ou não) com quem convivemos, numa transmissão natural e automática. Sempre que pensamos e sentimos, estamos a movimentar esses fluidos, ou energias. Cada estado de alma corresponde à emissão/absorção de um certo tipo de energia, que entra pelos centros de força espiritual, mediante a sua natureza, incorporando-se à tessitura do perispírito (corpo espiritual) e trazem-nos estados de mau-estar ou de bem-estar. Pensamos e agimos, criando assim a nossa própria (in)felicidade.
Para que o passe alcance o melhor resultado, é necessário:
1) |
que o passista use o pensamento e a vontade, a fim de captar os fluidos, emiti-los e fazê-los convergir para o assistido; |
2) |
que haja um clima de confiança entre o socorrista e o assistido, a fim de se formar um elo de força entre eles, pelo qual "verte o auxílio da Esfera Superior, na medida dos créditos de um e de outro"; |
3) |
que o assistido esteja receptivo, para que sua mente adira à idéia de trabalho restaurativo e comece a sugeri-lo a todas as células do corpo físico; então irá assimilando os recursos vitais que estiver recebendo e os reterá na própria constituição fisiopsicossomática. |
(Cap. XXII, Mediunidade Curativa, do livro "Mecanismos da Mediunidade", de André Luiz). |
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Ao contrário do que podem pensar alguns, o uso do magnetismo como forma de cura é bastante antigo, sendo utilizado desde a antigüidade e não surgiu com o Espiritismo, não sendo uma criação da Doutrina Espírita. Esse meio de socorrer os enfermos do corpo e da alma já era conhecido e empregado na antigüidade. Na Caldéia e na Índia, os magos e brâmanes, respectivamente, curavam pela aplicação do olhar. |
No Egito, multidões acorriam ao templo da deusa Isis, procurando o alívio dos sofrimentos junto aos sacerdotes, que lhes aplicavam a imposição das mãos. |
Jesus o utilizou, "impondo as mãos" sobre os enfermos e perturbados espiritualmente, para beneficiá-los e ensinou essa prática aos seus discípulos apóstolos, que também a empregaram, largamente, como vemos em "Atos dos Apóstolos".
Ao longo dos tempos, o passe continuou a ser usado, sob várias denominações e formas, em todo o mundo, ligado ou não a práticas religiosas.
No século anterior a Kardec, tudo o que então se conhecia sobre fluidos e como empregá-los estava consubstanciado no magnetismo, de que o médico austríaco Franz Anton Mesmer foi o grande expoente, beneficiando muitos enfermos. Mas havia, ainda, muita ignorância sobre o que fossem os fluidos e a forma de sua transmissão.
A codificação da Doutrina dos Espíritos, por Allan Kardec, permitiu entendermos melhor o processo pelo qual o ser humano influencia e é influenciado fluidicamente, tanto no plano material como no espiritual.
Na atualidade, o passe continua a ser empregado por outras religiões, que o apresentam sob nomes e aparências diversas (benção, unção, johrei, benzedura ...). Pessoas sem qualquer relação com movimentos religiosos também o empregam.
É no meio espírita, porém, que o passe é mais bem compreendido, mais largamente difundido e utilizado. O passe que Jesus ensinou e exemplificou veio a se tornar uma das principais práticas de ação fluídica. Nada mais natural, pois o Espiritismo é a revivescência do puro Cristianismo.
Os Espíritos superiores explicam, através da codificação kardecista, que as mãos servem como instrumento para a transmissão do magnetismo humano que, com as energias distribuídas pelos Espíritos, constituem o passe espírita.
Devido aos excessos, infelizmente mais comuns do que seria de desejar, de gesticulação, e de outros atavismos como estalidos de dedos, sem referência experimental e muito menos científica, o melhor passe, a exemplo de Jesus, é, sobretudo e apenas, a imposição das mãos, sem tocar na pessoa que vai receber o passe. Isso porque o que funciona, na verdade, é a mente.
1) |
Magnético - Quando ministrado somente com os recursos fluídicos do próprio passista (magnetismo humano). |
2) |
Espiritual - Quando ministrado pelos Espíritos, unicamente com seus próprios fluidos (magnetismo espiritual), sem o concurso de intermediário (passista). Os Espíritos agem com observância da sintonia e considerando os méritos ou necessidades do assistido, que, às vezes, nem percebe ter sido beneficiado. Para receber um passe espiritual basta orar e colocar-se em estado receptivo. |
3) |
Humano-espiritual - Quando os Espíritos combinam seus fluidos com os do passista, dando-lhes características especiais. "O fluido humano está sempre mais ou menos impregnado de impurezas físicas e morais do encarnado; o dos bons Espíritos é, necessariamente, mais puro e, por isto mesmo, tem propriedades mais ativas, que acarretam um fortalecimento mais pronto". |
4) |
Mediúnico - Quando os Espíritos atuam através de um encarnado mediunizado. O fluido dos bons Espíritos "...Passando através do encarnado, pode alterar-se um pouco..." (como água límpida passando por um vaso impuro) "...Daí, para todo verdadeiro médium curador, a necessidade absoluta de trabalhar a sua depuração". |
5) | Coletivo - Quando a equipe do passe magnético é de pequeno número face à multidão que o procura, sem qualquer prejuízo para os eventuais beneficiados, recorre-se ao passe coletivo. Uma vez que o principal, neste processo de ajuda espiritual, é a sintonia do candidato a receber o passe, os próprios espíritos-passistas durante a palestra ministram bênçãos fluídicas a quem estiver nas condições necessárias para participar na ocorrência deste fenômeno enquanto beneficiado. |
Haverá ocasiões em que seja bom e mesmo necessário o passista atuar inteiramente mediunizado. Mas, NOS SERVIÇOS COMUNS DO PASSE NUM CENTRO, ISSO NÃO É ACONSELHÁVEL, porque:
a) |
nem sempre o assistido está preparado para presenciar manifestações mediúnicas e poderá se impressionar mal, mesmo sem que o espírito interferente chegue a falar qualquer palavra; |
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b) |
poderá causar uma diferenciação entre os passistas, que não se justifica, e é indesejável. |
A aplicação do passe não é o momento adequado para as manifestações mediúnicas.
Quem é médium, além de passista, tem as reuniões apropriadas para dar passividade aos espíritos comunicantes. "Interromper as manifestações mediúnicas no horário de transmissão do passe curativo. Disciplina é a alma da eficiência". (André Luiz).
Quem pode aplicar passes?
Em princípio, qualquer pessoa saudável e de boa vontade em auxiliar pode aplicar passes. Não lhe faltará ajuda espiritual, porque, na falta de elemento mais eficiente, os espíritos utilizam todo aquele que se dispuser ao passe, tendo saúde e razoável equilíbrio. Mas, para servir bem neste campo, de modo mais efetivo, é preciso que se cultive e mantenha algumas condições básicas, a saber:
1) |
Fisicamente Devem abster-se de dar passes as pessoas com doenças graves, infecciosas, debilitantes e durante desequilíbrio espiritual, pois não estão em condições de doar fluidos. Mas, as indisposições ligeiras ou estados crônicos não debilitantes nem contagiosos, não são impedimentos para que se aplique passes (ex. dor de cabeça, bronquite, alergia). Os cuidados do passista com o físico visarão os seguintes aspectos:
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2) |
Espiritualmente
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3) |
Intelectualmente: É aconselhável aos passistas fazer estudos relacionados ao passe, técnica de aplicação, curas, radiações espirituais, centros de força, preparo do ambiente e do assistido etc. Ausência de estudo significa estagnação, em qualquer setor de trabalho. |
Para o melhor resultado da emissão e recepção dos fluidos, o passista e o receptor precisam estar convenientemente preparados.
Preparo do receptor
Pelo seu estado mental e emotivo, o receptor enfermo ou sofredor poderá ter, em relação ao passe, um estado receptivo, repulsivo ou neutro. O ideal é que esteja receptivo, pois o passe será tanto mais eficiente quanto mais intensa a adesão da vontade do paciente ao influxo recebido. Por isso, o passista, antes de aplicar o passe, deve procurar estabelecer com o receptor a simpatia possível, animando-o e interessando-o nas coisas espirituais.
Orientará, em síntese, sobre o seguinte:
os fluidos existem e as leis divinas permitem que trabalhemos com eles para aliviar e curar os nossos males; |
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é preciso ter fé, não como mera atitude mística, mas sim como força atrativa e fixadora das energias benéficas; | |
fé + recolhimento + respeito = receptividade; | |
ironia + descrença + dureza de coração = refratariedade. | |
o receptor deve orar, silenciosamente, enquanto recebe o passe, para acolher e assimilar bem as energias que lhe forem transmitidas; | |
o passe sempre beneficia, mas o grau dos resultados se fará de acordo com a fé, merecimento ou necessidade. |
O preparo do passista será feito através de:
1) |
Concentração - Para tudo que vamos fazer, precisamos, primeiramente, nos concentrar, centralizar a atenção no que vamos fazer. No caso do passe, quem o vai transmitir deve firmar o pensamento na atividade espiritual que irá desenvolver, no bem que deseja fazer ao assistido e na concorrência que pretende obter do Mundo Maior para essa realização. |
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2) | Oração - "A oração é prodigioso banho de forças, tal a vigorosa corrente mental que atrai". (André Luiz, Cap.17 Serviço de Passes, "Nos Domínios da Mediunidade") Orando, o passista consegue:
André Luiz, no Cap. XVII, Serviço de Passes, em "Nos Domínios da Mediunidade", nos mostra Clara e Henrique meditando e orando para, em seguida, aplicarem passes nos necessitados. Fica evidente, pois, que não há necessidade alguma de o passista receber passe antes do trabalho, a fim de estar em condições de aplicar passes. Isto se não houver relegado seus deveres á esfera secundária, porque:
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Deve-se ou não cruzar braços e pernas?
Wenefledo de Toledo, em "Passes e Curas Espirituais", diz que ao nos concentrarmos ou nos colocarmos em "estado receptivo" não devemos cruzar pernas ou braços porque isso interrompe a marcha das correntes fluídicas.
De nossa parte, porém, o que podemos dizer é que o corpo fica mais bem acomodado e a circulação se faz livre e perfeita, sem os braços e pernas cruzados.
É preciso retirar certos objetos que o assistido ou passista portem?
Não há necessidade de passistas ou assistidos retirarem sapatos, relógio, aliança, níqueis ou quaisquer outros objetos que tragam consigo, a não ser que possam incomodar ou distrair a atenção durante o trabalho (ex.: pulseiras ou colares que fiquem tilintando ou que atrapalhem os movimentos).